Ele não faz gol, mas virou objeto de desejo de vários dirigentes do futebol brasileiro. Nos últimos meses foi cortejado e sondado pelo Fluminense e por dois outros clubes de fora do Rio: um gaúcho, outro paulista. Motivado, porém, pelo desafio de disputar a Libertadores, no ano que vem, o diretor-executivo Rodrigo Caetano - ex-meia esquerda de 41 anos, formado em administração de empresa, com MBA de gestão empresarial - resolveu recusar as propostas ( a do tricolor quase três vezes maior do que recebe atualmente) e permanecer no Vasco, disposto a cumprir seu contrato, que vai até o fim de 2012.
O Globo: Antes de mais nada, uma pergunta se impõe: você esteve ou não na Unimed, para conversar com o Celso Barros, presidente da patrocinadora do Fluminense?
Rodrigo Caetano: Estive sim, duas vezes. Mas não agora, como se chegou a noticiar. Fui conversar com ele em Dezembro do ano passado, quando meu contrato com o Vasco estava acabando. E mantive o Roberto (presidente do Vasco) informado o tempo todo.
Mas o Fluminense voltou a procurá-lo agora?
Rodrigo Caetano: Sim. Mas, desta vez, não houve encontro e nas vezes que nos falamos, pelo telefone, sempre expliquei a ele (Celso Barros) que só discutiria que só discutira qualquer coisa mais concreta após a final da Copa do Brasil.
E depois do título?
Rodrigo Caetano: Conversei primeiro com o Roberto e com o Mandarino (José Hamilton, vice-presidente de futebol) e resolvi ficar. Nosso objetivo de conquista um título importante no primeiro semestre foi cumprido e agora inicia-se um novo ciclo extremamente importante, tendo a Libertadores como principal meta.
E esse desafio (a Libertadores) foi fundamental para que você decidisse ficar?
Rodrigo Caetano: Sem dúvida. É um projeto que me encanta. Principalmente porque temos praticamente um ano para trabalhar nele. Flamengo e Fluminense, em 2009 e 2010, não tiveram tanto tempo, porque se classificaram através do Brasileiro, ou seja, no final do ano, e logo no início da temporada seguinte, já estavam jogando a Libertadores.
Se o Vasco tivesse perdido a Copa do Brasil, você teria saído?
Rodrigo Caetano: Talvez, sim. Porque estaria se encerrando um ciclo sem que tivéssemos atingido o objetivo traçado, que era a conquista de pelo menos um título importante: do Estadual ou da Copa do Brasil. Seria o caso de repensar toda estrutura do futebol, e a diretoria poderia preferir fazer mudanças e optar pela minha saída. Não sei...
E houve alguma compensação financeira para que você recusasse a proposta milionária do Flu?
Rodrigo Caetano: Nem quis discutir isso agora. Pode ser que mais pra frente a diretoria entenda que vale a pena fazer um reajuste, até para colocar algum tipo de multa rescisória no meu contrato, pois atualmente isso não existe. Mas é claro que a conquista da Copa do Brasil e a certeza da Libertadores, em 2012, valorizam o clube e todos os seus profissionais.
Uma pergunta mais apimentada, para responder de bate-pronto: se você fosse o presidente de um clube, aceitaria pagar R$ 300 mil mensais a um executivo de futebol? (Esta foi a proposta tricolor)?
Rodrigo Caetano: (pensando um pouco) Não sei. Tanto, talvez não. Mas acho que essa função está se valorizando cada vez mais e entendo que deva ser bem remunerada. Quanto, exatamente, prefiro não comentar.
E o que faz, exatamente, um diretor-executivo de futebol? Não é um nome mais pomposo para o velho surpervisor?
Rodrigo Caetano: Acho que houve uma evolução muito grande na função. O supervisor de antigamente era um 'tarefeiro'. O executivo de futebol é responsável por muitas coisas...
Quais, exatamente?
Rodrigo Caetano: Estruturar e organizar todo o departamento de futebol, montar a comissão técnica e, com a participação dela, o próprio elenco; definir, com a diretoria, o orçamento e cuidar de sua execução e, naturalmente, liderar o grupo passando confiança e segurança. Não é pouca coisa. Vivo praticamente 24 horas em função do clube.
Você foi jogador, quando e como resolveu ser executivo da bola?
Rodrigo Caetano: Técnico? Nunca! Depois que parei fui estudar administração de empresa e fiz também um MBA em gestão empresário. Tudo já pensando em ser dirigente profissional. Era algo que, ainda em meus tempos de jogador, eu sentia que seria necessário. O futebol deu um salto gigantesco nas gerações de receitas e era natural imaginar que seriam necessários bons profissionais para ajudar a geri-lo dentro e fora das quatro linhas.
Algum 'supervisor' da velha guarda te inspirou?
Rodrigo Caetano: Sim. Antônio Carlos Verardi, do Grêmio. Ele está até hoje no clube, mas em outras funções. Sempre foi extremamente competente.
Voltando ao Vasco, você está há dois anos e meio em São Januário. Chegou quando o clube estava para começar a disputar a Segunda Divisão. Quais as melhores e piores lembranças desse período?
Rodrigo Caetano: O início foi bem díficil...Inclusive porque muitos dos jogadores que procurávamos (para montar o elenco da Série B) não queriam nem ouvir nossa proposta, pois achavam que se desvalorizariam, disputando a Segunda Divisão. Aí foi muito importante a ajuda do Carlos (Leite, empresário). Por isso que eu digo que o bom empresário é aquele que trabalha aliado ao clube. Age como parceiro. É natural que também pense no seu lucro. Mas todos os jogadores dele que estão no nosso elenco só estão porque nós os escolhemos e consideramos utéis.
Dorival Júnior e Carlos Alberto foram apostas que deram muito certo na campanha de volta à Primeira Divisão. Mas o primeiro acabou não renovando e o segundo saiu brigado. O que houve?
Rodrigo Caetano: Dorival todos nós queríamos que ficasse. Mas ele se valorizou muito com o título da Segunda e não tivemos como cobrir as propostas que surgiram. Já o Carlos Alberto teve um 2009 espetacular, mas sofreu em 2010 com muitas lesões, que acabaram comprometendo o seu rendimento. Já no início de 2011 aquele início desastroso acabou causando muito estresse, e ele e o presidente se desentederam no vestiário, após uma derrota e sua permanência ficou inviável. Mas é um jogador que respeito muito, por tudo que fez, nos ajudando num momento dificilimo.
Mas você recomendaria a contratação do Carlos Alberto, em outro clube que você estivesse trabalhando?
O Globo: Antes de mais nada, uma pergunta se impõe: você esteve ou não na Unimed, para conversar com o Celso Barros, presidente da patrocinadora do Fluminense?
Rodrigo Caetano: Estive sim, duas vezes. Mas não agora, como se chegou a noticiar. Fui conversar com ele em Dezembro do ano passado, quando meu contrato com o Vasco estava acabando. E mantive o Roberto (presidente do Vasco) informado o tempo todo.
Mas o Fluminense voltou a procurá-lo agora?
Rodrigo Caetano: Sim. Mas, desta vez, não houve encontro e nas vezes que nos falamos, pelo telefone, sempre expliquei a ele (Celso Barros) que só discutiria que só discutira qualquer coisa mais concreta após a final da Copa do Brasil.
E depois do título?
Rodrigo Caetano: Conversei primeiro com o Roberto e com o Mandarino (José Hamilton, vice-presidente de futebol) e resolvi ficar. Nosso objetivo de conquista um título importante no primeiro semestre foi cumprido e agora inicia-se um novo ciclo extremamente importante, tendo a Libertadores como principal meta.
E esse desafio (a Libertadores) foi fundamental para que você decidisse ficar?
Rodrigo Caetano: Sem dúvida. É um projeto que me encanta. Principalmente porque temos praticamente um ano para trabalhar nele. Flamengo e Fluminense, em 2009 e 2010, não tiveram tanto tempo, porque se classificaram através do Brasileiro, ou seja, no final do ano, e logo no início da temporada seguinte, já estavam jogando a Libertadores.
Se o Vasco tivesse perdido a Copa do Brasil, você teria saído?
Rodrigo Caetano: Talvez, sim. Porque estaria se encerrando um ciclo sem que tivéssemos atingido o objetivo traçado, que era a conquista de pelo menos um título importante: do Estadual ou da Copa do Brasil. Seria o caso de repensar toda estrutura do futebol, e a diretoria poderia preferir fazer mudanças e optar pela minha saída. Não sei...
E houve alguma compensação financeira para que você recusasse a proposta milionária do Flu?
Rodrigo Caetano: Nem quis discutir isso agora. Pode ser que mais pra frente a diretoria entenda que vale a pena fazer um reajuste, até para colocar algum tipo de multa rescisória no meu contrato, pois atualmente isso não existe. Mas é claro que a conquista da Copa do Brasil e a certeza da Libertadores, em 2012, valorizam o clube e todos os seus profissionais.
Uma pergunta mais apimentada, para responder de bate-pronto: se você fosse o presidente de um clube, aceitaria pagar R$ 300 mil mensais a um executivo de futebol? (Esta foi a proposta tricolor)?
Rodrigo Caetano: (pensando um pouco) Não sei. Tanto, talvez não. Mas acho que essa função está se valorizando cada vez mais e entendo que deva ser bem remunerada. Quanto, exatamente, prefiro não comentar.
E o que faz, exatamente, um diretor-executivo de futebol? Não é um nome mais pomposo para o velho surpervisor?
Rodrigo Caetano: Acho que houve uma evolução muito grande na função. O supervisor de antigamente era um 'tarefeiro'. O executivo de futebol é responsável por muitas coisas...
Quais, exatamente?
Rodrigo Caetano: Estruturar e organizar todo o departamento de futebol, montar a comissão técnica e, com a participação dela, o próprio elenco; definir, com a diretoria, o orçamento e cuidar de sua execução e, naturalmente, liderar o grupo passando confiança e segurança. Não é pouca coisa. Vivo praticamente 24 horas em função do clube.
Você foi jogador, quando e como resolveu ser executivo da bola?
Rodrigo Caetano: Técnico? Nunca! Depois que parei fui estudar administração de empresa e fiz também um MBA em gestão empresário. Tudo já pensando em ser dirigente profissional. Era algo que, ainda em meus tempos de jogador, eu sentia que seria necessário. O futebol deu um salto gigantesco nas gerações de receitas e era natural imaginar que seriam necessários bons profissionais para ajudar a geri-lo dentro e fora das quatro linhas.
Algum 'supervisor' da velha guarda te inspirou?
Rodrigo Caetano: Sim. Antônio Carlos Verardi, do Grêmio. Ele está até hoje no clube, mas em outras funções. Sempre foi extremamente competente.
Voltando ao Vasco, você está há dois anos e meio em São Januário. Chegou quando o clube estava para começar a disputar a Segunda Divisão. Quais as melhores e piores lembranças desse período?
Rodrigo Caetano: O início foi bem díficil...Inclusive porque muitos dos jogadores que procurávamos (para montar o elenco da Série B) não queriam nem ouvir nossa proposta, pois achavam que se desvalorizariam, disputando a Segunda Divisão. Aí foi muito importante a ajuda do Carlos (Leite, empresário). Por isso que eu digo que o bom empresário é aquele que trabalha aliado ao clube. Age como parceiro. É natural que também pense no seu lucro. Mas todos os jogadores dele que estão no nosso elenco só estão porque nós os escolhemos e consideramos utéis.
Dorival Júnior e Carlos Alberto foram apostas que deram muito certo na campanha de volta à Primeira Divisão. Mas o primeiro acabou não renovando e o segundo saiu brigado. O que houve?
Rodrigo Caetano: Dorival todos nós queríamos que ficasse. Mas ele se valorizou muito com o título da Segunda e não tivemos como cobrir as propostas que surgiram. Já o Carlos Alberto teve um 2009 espetacular, mas sofreu em 2010 com muitas lesões, que acabaram comprometendo o seu rendimento. Já no início de 2011 aquele início desastroso acabou causando muito estresse, e ele e o presidente se desentederam no vestiário, após uma derrota e sua permanência ficou inviável. Mas é um jogador que respeito muito, por tudo que fez, nos ajudando num momento dificilimo.
Mas você recomendaria a contratação do Carlos Alberto, em outro clube que você estivesse trabalhando?
Rodrigo Caetano: (pensando um pouco antes de responder). Recomendaria, sim. Ele é um grande jogador. O problema é que abate muito quando enfrenta problemas que o impedem de jogar normalmente, como as seguidas contusões. Aí, este abatimento acaba comprometendo o seu próprio comportamento. Daí alguns problemas que já enfrentou na carreira...
A campanha da volta foi o seu período mais díficil em São Januário?
Rodrigo Caetano: Não! Apesar de todas as dificuldades para montar o elenco e garantir não somente o retorno à Primeira Divisão como o título da Série B - uma exigência nossa e da torcida! - os piores momentos, para mim, foram no ano passado, quando houve até uma ocasião em que pensei, seriamente, em deixar o clube.
Quando?
Rodrigo Caetano: No dia em que os torcedores invadiram o gramado para cobrar resultados do time e do técnico Celso Roth. Aquilo foi inadmissível. Fiquei muito chateado mesmo.
E como os torcedores entraram? Normalmente quando isso acontece há a cumplicidade de algum dirigente...
Rodrigo Caetano: Nesse caso, não. Eles entraram por um portão lateral que estava aberto e quando vimos já estavam no gramado. Se algum dirigente tivesse tido participaração, aí mesmo é que eu sairia. Foi muito desagradável, mas não acontecerá mais.
Por falar em Celso Roth, a inesperada saída dele para o Internacional não o surpreendeu?
Rodrigo Caetano: Sim. E foi também uma grande decepção. Eu o indiquei, apostava muito no trabalho dele e nada deu certo. No início do Brasileiro, fizemos apenas cinco pontos em 21 possíveis, mas ainda assim achava que ele poderia se recuperar. Mas veio a proposta do Inter e ele preferiu sair. Foi a pior experiência que tive com um treinador do Vasco.
Falando de técnicos, você já contratou, além do Dorival e do Roth, o Vágner Mancini, o Paulo César Gusmão e agora o Ricardo Gomes. Como foi com cada um deles?
Rodrigo Caetano: Eu apostava muito no Mancini, mas não deu certo. Se você me perguntar o motivo, sinceramente não sei. Ele é um treinador inteligente, bem preparado e que sabe se comunicar com os jogadores. Aqui, entretanto, depois de um ótimo começo - chegamos a golear o Botafogo por 6 a 0, em pleno Engenhão - perdemos a final da Taça Guanabara e a coisa desandou. Já o PC (Gusmão) foi muito bem ao substituir o Roth no Brasileiro do ano passado, mas neste início de temporada também acabou enfrentando sérios problemas, com aquelas quatro derrotas seguidas. Aí, não tem jeito...
E o Ricardo Gomes? Como você chegou a ele e o que o diferencia dos demais?
Rodrigo Caetano: Antes de decidirmos pelo Ricardo, conversei com muita gente. E só ouvi elogios a respeito dele. No São Paulo, chegaram a me dizer: ele não foi campeão por detalhes (perdeu a Libertadores, para o Inter, e o Brasileiro, para o Flamengo). Mas, certamente, será em outro clube. Conversei até com o Washington (ex-centroavante), que se derramou em elogios, embora tivesse sido barrado por ele no São Paulo. Aí, o chamamos para uma conversa e decidimos que ele era mesmo o melhor nome. E acertamos.
E qual o mérito dele nesta conquista?
Rodrigo Caetano: Em primeiro lugar, recuperar a autoestima do grupo, que estava baixa após aquele início desastroso na Taça Guanabara. Depois, até por estarmos jogando sem pressão - já que não havia mesmo expectativa naquele primeiro turno - ele pôde armar e soltar o time ao seu gosto. E começamos a disparar goleadas e reencontrar o rumo. O título da Copa do Brasil foi a coroação deste trabalho. Mas, a partir de agora, a pressão, a expectativa e as cobranças serão bem maiores. E o Ricardo sabe disso. Temos time para disputar o Brasileiro com chance de ser campeão.
Como é o seu diálogo com os técnicos? Há muitos treinadores que não admitem interferência em seu trabalho. E costumam se meter em tudo. Inclusive em decisões que, antigamente, era dos supervisores. O novo executivo de futebol tem espaço com esse tipo de profissional?
Rodrigo Caetano: Bem, aqui no Vasco temos procurado que se adaptem à nossa forma de trabalhar, onde o diretor-executivo é quem traça e executa as diretrizes básicas do departamento. Na minha visão, a era do técnico 'faz-tudo' está acabada. É claro que ainda existem profissionais que agem assim e alguns têm sucesso. Mas não creio que durem por muito tempo. O treinador tem que se concentrar é no seu trabalho de campo. É entender que, mesmo assim, algumas de suas decisões precisam passar pelo crívo da diretoria, representada pelo executivo de futebol.
Que tal um exemplo?
Rodrigo Caetano: O técnico não pode, simplismente, decidir afastar um jogador que tem multa rescisória alta e ponto final. Se ele não o quer mais, precisa me avisar, para que tentemos negociar o atleta, sem que o patrimônio do clube seja desvalorizado com o afastamento e a execração pública que iss provoca. E sem que isso no cause, também, dívidas trabalhistas pesadas no futuro.
Com o aumento vertiginoso das receitas e a chegada de profissionais no futebol, os clubes terão jeito? Deixarão de ser deficitários e se tornarão, enfim, lucrativos?
Rodrigo Caetano: O ambiente para que isso aconteça nunca foi tão propício. Veja o exemplo do Vasco: no balanço de 2010, se não me engano, o prejuízo ainda foi em torno de R$ 20 milhões, mas se computarmos todas as dívidas antigas que foram pagas no período, veremos que o futebol já começa a dar lucro. Acho que muito em breve todos os clubes bem administrados começarão a ser superavitários. E nem precisarão vender tantos jogadores para sobreviver. Estamos vivendo um período de travessia do caos absoluto. Bastar agir e pensar com profissionalismo.
Você é gaúcho, jogou e começou a carreira como administrador por lá. Como foi o impacto de sua chegada a um clube do Rio onde, sabidamente, é bem mais precária do que no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Paraná e em Minas?
Rodrigo Caetano: Dos clubes cariocas, o Vasco é um dos que tem menos problemas, até por ter um estádio. Mas é claro que nossa estrutura ainda está bem aquém do ideal. Ainda assim, o Rio tem algumas vantagens fascinantes. Em lugar nenhum do Brasil, o futebol é tão adorado pelo povo. A gente sente isso na rua, no contato com o povo. Só o carioca mesmo para idolatrar um executivo do futebol. Na chegada do Vasco, após a conquista da Copa do Brasil, os torcedores me carregaram como se eu tivesse jogado e feito gol! Coisa de louco, de emocionar mesmo.
E qual é o gol do diretor-executivo?
Rodrigo Caetano: É saber montar um bom elenco e dar a ele todas as condições para que tenha o melhor desempenho possível. Além, é claro, de tornar o futebol como um todo rentável, dentro do orçamento previamente combinado com a diretoria.
Os diretores-executivos de futebol vieram para ficar?
Rodrigo Caetano: Aposto que sim. E já estou pensando em organizar até um seminário entre nós num futuro próximo. Seria o primeiro passo para a criação de uma associação da classe. Venho conversar sobre isso seriamento com o Ocimar Bolichelo (do Paraná) e o Felipe Ximenes (do Coritiba), que são ótimos executivos. Quanto mais nos organizarmos, melhor será para todo mundo.
E o que a torcida do Vasco pode esperar, daqui pra frente? Já classificado para a Libertadores, o Vasco vai 'brincar' no Brasileiro e na Sul-Americana?
Rodrigo Caetano: De jeito nenhum. Vamos lutar pelos dois campeonatos. Mas, é claro, que se a nossa situação não for boa em relação à disputa do título, faltando uns dois para acabar o ano, começaremos a discutir seriamente a possibilidade de antecipação das férias para alguns jogadores mais desgastados, pois nossa grande meta, no ano que vem, é a Libertadores. Com todo o tempo que temos pela frente, é nossa obrigação chegar a ela muito bem preparados. E por ter certeza de que chegaremos.
Reforços à vista para a Libertadores?
Rodrigo Caetano: Ainda é cedo para falar nisso. Ainda mais porque, com os jogadores que contratamos esse ano (Anderson Martins, Alecsandro, Eduardo Costa, Diego Souza, Bernardo e Leandro) e a chegada do Juninho Pernambucano, o elenco está bem forte para o final da temporada.
E Juninho Pernambucano, o que esperar dele?
Rodrigo Caetano: Tenho certeza de que será muito útil. É um pessoa especial dentro e fora de campo. Seu primeiro treino já impressionou pelo fôlego e pela velha categoria. Aliás, fiz questão de contar a todos, quando da apresentação dele, que o Juninho foi meu banco lá no Sport, quando ele estava começando a carreira, em 1995.
Verdade?
Rodrigo Caetano: Claro que não...(risos). Mas serviu para descontrair o ambiente. Fomos contemporâneos por um curto período, mas ele sempre jogou muito mais do que eu...
A campanha da volta foi o seu período mais díficil em São Januário?
Rodrigo Caetano: Não! Apesar de todas as dificuldades para montar o elenco e garantir não somente o retorno à Primeira Divisão como o título da Série B - uma exigência nossa e da torcida! - os piores momentos, para mim, foram no ano passado, quando houve até uma ocasião em que pensei, seriamente, em deixar o clube.
Quando?
Rodrigo Caetano: No dia em que os torcedores invadiram o gramado para cobrar resultados do time e do técnico Celso Roth. Aquilo foi inadmissível. Fiquei muito chateado mesmo.
E como os torcedores entraram? Normalmente quando isso acontece há a cumplicidade de algum dirigente...
Rodrigo Caetano: Nesse caso, não. Eles entraram por um portão lateral que estava aberto e quando vimos já estavam no gramado. Se algum dirigente tivesse tido participaração, aí mesmo é que eu sairia. Foi muito desagradável, mas não acontecerá mais.
Por falar em Celso Roth, a inesperada saída dele para o Internacional não o surpreendeu?
Rodrigo Caetano: Sim. E foi também uma grande decepção. Eu o indiquei, apostava muito no trabalho dele e nada deu certo. No início do Brasileiro, fizemos apenas cinco pontos em 21 possíveis, mas ainda assim achava que ele poderia se recuperar. Mas veio a proposta do Inter e ele preferiu sair. Foi a pior experiência que tive com um treinador do Vasco.
Falando de técnicos, você já contratou, além do Dorival e do Roth, o Vágner Mancini, o Paulo César Gusmão e agora o Ricardo Gomes. Como foi com cada um deles?
Rodrigo Caetano: Eu apostava muito no Mancini, mas não deu certo. Se você me perguntar o motivo, sinceramente não sei. Ele é um treinador inteligente, bem preparado e que sabe se comunicar com os jogadores. Aqui, entretanto, depois de um ótimo começo - chegamos a golear o Botafogo por 6 a 0, em pleno Engenhão - perdemos a final da Taça Guanabara e a coisa desandou. Já o PC (Gusmão) foi muito bem ao substituir o Roth no Brasileiro do ano passado, mas neste início de temporada também acabou enfrentando sérios problemas, com aquelas quatro derrotas seguidas. Aí, não tem jeito...
E o Ricardo Gomes? Como você chegou a ele e o que o diferencia dos demais?
Rodrigo Caetano: Antes de decidirmos pelo Ricardo, conversei com muita gente. E só ouvi elogios a respeito dele. No São Paulo, chegaram a me dizer: ele não foi campeão por detalhes (perdeu a Libertadores, para o Inter, e o Brasileiro, para o Flamengo). Mas, certamente, será em outro clube. Conversei até com o Washington (ex-centroavante), que se derramou em elogios, embora tivesse sido barrado por ele no São Paulo. Aí, o chamamos para uma conversa e decidimos que ele era mesmo o melhor nome. E acertamos.
E qual o mérito dele nesta conquista?
Rodrigo Caetano: Em primeiro lugar, recuperar a autoestima do grupo, que estava baixa após aquele início desastroso na Taça Guanabara. Depois, até por estarmos jogando sem pressão - já que não havia mesmo expectativa naquele primeiro turno - ele pôde armar e soltar o time ao seu gosto. E começamos a disparar goleadas e reencontrar o rumo. O título da Copa do Brasil foi a coroação deste trabalho. Mas, a partir de agora, a pressão, a expectativa e as cobranças serão bem maiores. E o Ricardo sabe disso. Temos time para disputar o Brasileiro com chance de ser campeão.
Como é o seu diálogo com os técnicos? Há muitos treinadores que não admitem interferência em seu trabalho. E costumam se meter em tudo. Inclusive em decisões que, antigamente, era dos supervisores. O novo executivo de futebol tem espaço com esse tipo de profissional?
Rodrigo Caetano: Bem, aqui no Vasco temos procurado que se adaptem à nossa forma de trabalhar, onde o diretor-executivo é quem traça e executa as diretrizes básicas do departamento. Na minha visão, a era do técnico 'faz-tudo' está acabada. É claro que ainda existem profissionais que agem assim e alguns têm sucesso. Mas não creio que durem por muito tempo. O treinador tem que se concentrar é no seu trabalho de campo. É entender que, mesmo assim, algumas de suas decisões precisam passar pelo crívo da diretoria, representada pelo executivo de futebol.
Que tal um exemplo?
Rodrigo Caetano: O técnico não pode, simplismente, decidir afastar um jogador que tem multa rescisória alta e ponto final. Se ele não o quer mais, precisa me avisar, para que tentemos negociar o atleta, sem que o patrimônio do clube seja desvalorizado com o afastamento e a execração pública que iss provoca. E sem que isso no cause, também, dívidas trabalhistas pesadas no futuro.
Com o aumento vertiginoso das receitas e a chegada de profissionais no futebol, os clubes terão jeito? Deixarão de ser deficitários e se tornarão, enfim, lucrativos?
Rodrigo Caetano: O ambiente para que isso aconteça nunca foi tão propício. Veja o exemplo do Vasco: no balanço de 2010, se não me engano, o prejuízo ainda foi em torno de R$ 20 milhões, mas se computarmos todas as dívidas antigas que foram pagas no período, veremos que o futebol já começa a dar lucro. Acho que muito em breve todos os clubes bem administrados começarão a ser superavitários. E nem precisarão vender tantos jogadores para sobreviver. Estamos vivendo um período de travessia do caos absoluto. Bastar agir e pensar com profissionalismo.
Você é gaúcho, jogou e começou a carreira como administrador por lá. Como foi o impacto de sua chegada a um clube do Rio onde, sabidamente, é bem mais precária do que no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Paraná e em Minas?
Rodrigo Caetano: Dos clubes cariocas, o Vasco é um dos que tem menos problemas, até por ter um estádio. Mas é claro que nossa estrutura ainda está bem aquém do ideal. Ainda assim, o Rio tem algumas vantagens fascinantes. Em lugar nenhum do Brasil, o futebol é tão adorado pelo povo. A gente sente isso na rua, no contato com o povo. Só o carioca mesmo para idolatrar um executivo do futebol. Na chegada do Vasco, após a conquista da Copa do Brasil, os torcedores me carregaram como se eu tivesse jogado e feito gol! Coisa de louco, de emocionar mesmo.
E qual é o gol do diretor-executivo?
Rodrigo Caetano: É saber montar um bom elenco e dar a ele todas as condições para que tenha o melhor desempenho possível. Além, é claro, de tornar o futebol como um todo rentável, dentro do orçamento previamente combinado com a diretoria.
Os diretores-executivos de futebol vieram para ficar?
Rodrigo Caetano: Aposto que sim. E já estou pensando em organizar até um seminário entre nós num futuro próximo. Seria o primeiro passo para a criação de uma associação da classe. Venho conversar sobre isso seriamento com o Ocimar Bolichelo (do Paraná) e o Felipe Ximenes (do Coritiba), que são ótimos executivos. Quanto mais nos organizarmos, melhor será para todo mundo.
E o que a torcida do Vasco pode esperar, daqui pra frente? Já classificado para a Libertadores, o Vasco vai 'brincar' no Brasileiro e na Sul-Americana?
Rodrigo Caetano: De jeito nenhum. Vamos lutar pelos dois campeonatos. Mas, é claro, que se a nossa situação não for boa em relação à disputa do título, faltando uns dois para acabar o ano, começaremos a discutir seriamente a possibilidade de antecipação das férias para alguns jogadores mais desgastados, pois nossa grande meta, no ano que vem, é a Libertadores. Com todo o tempo que temos pela frente, é nossa obrigação chegar a ela muito bem preparados. E por ter certeza de que chegaremos.
Reforços à vista para a Libertadores?
Rodrigo Caetano: Ainda é cedo para falar nisso. Ainda mais porque, com os jogadores que contratamos esse ano (Anderson Martins, Alecsandro, Eduardo Costa, Diego Souza, Bernardo e Leandro) e a chegada do Juninho Pernambucano, o elenco está bem forte para o final da temporada.
E Juninho Pernambucano, o que esperar dele?
Rodrigo Caetano: Tenho certeza de que será muito útil. É um pessoa especial dentro e fora de campo. Seu primeiro treino já impressionou pelo fôlego e pela velha categoria. Aliás, fiz questão de contar a todos, quando da apresentação dele, que o Juninho foi meu banco lá no Sport, quando ele estava começando a carreira, em 1995.
Verdade?
Rodrigo Caetano: Claro que não...(risos). Mas serviu para descontrair o ambiente. Fomos contemporâneos por um curto período, mas ele sempre jogou muito mais do que eu...
créditos: http://www.supervasco.com/
Eu me emocioneii muiitoo com essa reportagem..
ResponderExcluirEleee ama realmente o nosso clubee..é muiitoo bomm saber que pessoas como elee admira o nosso clube..