Aos 68 anos, Erasmo Carlos volta às raízes e lança um disco cheio de guitarras, batizado de Rock’n’Roll. Empolgado com o novo projeto, ele recebeu a equipe de QUEM em um hotel no Centro de São Paulo. Coincidência ou não, o local fica a poucos metros da Rua Augusta, point da jovem guarda, movimento da década de 60 que transformou Erasmo em um dos artistas mais conhecidos do Brasil.
Com 1,93 metro e a inseparável calça justa, diz que envelhecer é uma “sacanagem de Deus”. Afirma que as mulheres – comparadas a guitarras no novo disco – representam um dos combustíveis de sua vida. “Entre melancias, samambaias, melões e jacas, só Erasmo para proclamar aos quatro ventos que a mulher é uma guitarra. Ele é o verdadeiro pai do rock brasileiro”, diz Rita Lee, no texto que apresenta o CD.
Mesmo tão apaixonado por elas, Erasmo afirma que só amou de verdade uma vez: a mulher, Narinha. A história de amor, entretanto, deixou uma marca dolorosa: a musa do cantor cometeu suicídio em 1995, por ingestão de cianureto. Ele diz que levou dez anos para digerir o fato. Hoje, está namorador – mas não se casou novamente.
Parceiro de Roberto Carlos desde a jovem guarda, ainda neste ano o Rei deve lançar um CD com composições inéditas da dupla. “A gente fez essas músicas há uns quatro anos. Já era para ter saído, mas foram adiando... Agora, por causa das comemorações dos 50 anos de carreira do Roberto, ele deve sair”, conta Erasmo, que vai celebrar meio século de música em 2010. “Se algum banco, um chocolate ou uma televisão se interessar em fazer a festa, está valendo”, brinca, referindo-se aos patrocinadores de Roberto.
Fazia tempo que você não gravava um disco tão roqueiro...
Eu estava me devendo e os fãs me cobravam muito um disco de guitarra. Fiquei meio escravo dos teclados. Então, resolvi voltar às raízes guitarreiras.
A mulher é um tema muito recorrente neste CD. Em “Olhar de mangá” (“Foi assim com Lilith/ Primeira com os olhos de pidona/ Luana e Rita Lee/Dalila, Malu Mader e Fiona”), você cita o nome de várias delas...
O que move minha vida é família, música, mulher e o Vasco. Nessa ordem. Falo dessas mulheres todas e ficou um monte de fora. Tinha uma lista de mais de 100 nomes. Nessa música eu faço uma brincadeira com o olhar do mangá japonês, por causa dos olhos grandes que eles desenham. Algumas mulheres chiaram porque coloquei “olhar de pidona”. Mas eu fiz pidona pra rimar com Madonna, sabe (risos)?
Você é sempre chamado de machão conquistador, até de machista. A fama é verdadeira?
Bicho, é o negócio de criação. Fui criado na rua. Minha geração é machista. É a geração que tem ídolos como Marlon Brando, James Dean, John Wayne e os filmes de caubói. O homem da minha geração não faz plástica. É um comportamento de macho que não é visível na geração de hoje. Fomos criados nesse universo. O homem que a mulher gostava, na minha época, era moreno, alto, grandão, cabeludo. Agora é loiro, sarado e depilado. Não tenho nada contra, só estou dizendo que as épocas mudam.
Você também aborda um tema atual na música “Celebridade”, cantando as mulheres perfeitas das revistas com a ajuda do Photoshop. Você vê essas revistas. O que acha delas?
Eu não gosto da mulher que sai na revista. A que eu gosto, que me dá tesão, é a mulher comum, do dia-a-dia, da rua. A mulher da revista é falsa. Tem um monte de artifícios: ginástica, alimentação, creme, Photoshop... E eu não gosto de mulher sarada. Prefiro a mulher mais tenra. Não ligo muito para celulite, essas coisas.
Não dá para falar de mulheres e não lembrar do assédio da jovem guarda...
Era uma loucura! Uma ou duas fãs era legal. Agora, juntou umas dez mulheres, fica perigoso. Elas não têm limites. Hoje é até mais sexual: mulher passa a mão, ataca mesmo. Antigamente, elas eram mais contidas. Então, quando te viam, jogavam tudo pra fora: arranhavam, rasgavam a roupa. Até hoje, para sair de show, tenho que me resguardar. Mas é sempre um carinho – o que eu chamo de carinho bruto. Elas se tornam agressivas de tanto carinho!
Já ficou com uma fã?
Já! A estrada traz muitos romances, bicho. É fácil. As cidades estão sempre mudando e temos sempre outras mulheres.
E hoje? Continua namorador?
Ah, claro. Sempre fui tímido. Eu espero ser correspondido para atacar. Quando eu ataco, é na certeza!
Já recebeu um não de uma mulher?
Já! Cinquenta mil (risos)! Já passei por tudo o que os homens passam: já brochei, já sofri por amor...
É homem de muitos amores?
Não. Amor mesmo, só minha mulher, a Narinha. Ela me deu meus filhos (Gil Eduardo, Alexandre e Leonardo) e foi quando eu quis ficar só com ela. Mas muitas outras mulheres me ensinaram coisas maravilhosas. Pretendo amar ainda. De forma definitiva ou não.
A morte dela te afetou muito?
Foi terrível. Precisei segurar a barra dos filhos. Eles precisaram segurar a minha. Foi um período de descontrole da gente, mas um se escorou no outro, um foi muleta do outro. Fomos nos aguentando e conseguimos sobreviver. A gente não esquece, mas eu sinto que foi uma coisa assimilada. Levei uns dez anos para superar.
Seu casamento era liberal ou mais tradicional?
Não gosto de casamento liberal! Prefiro à moda antiga. Hoje tem o swing. No meu tempo era suruba. Já fiz muita suruba em outras épocas, quando era solteiro. Depois de casado, nunca mais fiz. Passei a querer qualidade e uma coisa mais reservada.
E a lenda de que você tinha um quarto de motel em casa?
Fiz quando me casei. A gente tinha filhos. Nada como ter um quarto de motel para que a gente pudesse ter nosso tempo, não é? Não tinha luz negra, essas coisas de mau gosto. Tinha uma TV, um frigobar, um espelho no teto. Até, um dia, o espelho caiu! Furou o colchão quatro dedos. Sorte que não tinha ninguém na cama.
Como é sua relação com as drogas?
Na jovem guarda não tinha droga nenhuma. Nem bebida. Era todo mundo caretíssimo. Nos anos 70 é que vieram as drogas. Já tinha acabado a jovem guarda e tive minhas experiências, como quase toda a minha geração. Era a moda. Era a Louis Vuitton da minha geração. Veio com a contracultura, a filosofia hippie, que se desdobrou para o “sexo, drogas e rock’n’roll”. Hoje, para mim, não tem mais essa. Eu sou “sexo, som e amor”.
Defende a legalização da maconha?
Sou a favor da descriminalização. A liberação tem que ser devagar. A alta cúpula que rege o mundo já deveria pensar seriamente em drogas, aborto, eutanásia. Deixar como está não ajuda em nada. Só está gerando mais problemas, principalmente nas camadas de baixa renda. Não conheço nenhum cara de minha geração que tivesse feito algum ato nocivo sob efeito de maconha. De todos os que conheci, inclusive eu, todas as vezes que fumaram um baseado foi para tocar, para fazer amor...
Você experimentou Viagra também?
Já usei. Logo que apareceu, naquela coisa de moda... Para mim, quando tomei, não alterou nada. Mas no dia seguinte bateu e fiquei excitado o dia todo! Foi uma experiência e não tomei mais. Não preciso. Se precisar um dia, vou usar.
Com 1,93 metro e a inseparável calça justa, diz que envelhecer é uma “sacanagem de Deus”. Afirma que as mulheres – comparadas a guitarras no novo disco – representam um dos combustíveis de sua vida. “Entre melancias, samambaias, melões e jacas, só Erasmo para proclamar aos quatro ventos que a mulher é uma guitarra. Ele é o verdadeiro pai do rock brasileiro”, diz Rita Lee, no texto que apresenta o CD.
Mesmo tão apaixonado por elas, Erasmo afirma que só amou de verdade uma vez: a mulher, Narinha. A história de amor, entretanto, deixou uma marca dolorosa: a musa do cantor cometeu suicídio em 1995, por ingestão de cianureto. Ele diz que levou dez anos para digerir o fato. Hoje, está namorador – mas não se casou novamente.
Parceiro de Roberto Carlos desde a jovem guarda, ainda neste ano o Rei deve lançar um CD com composições inéditas da dupla. “A gente fez essas músicas há uns quatro anos. Já era para ter saído, mas foram adiando... Agora, por causa das comemorações dos 50 anos de carreira do Roberto, ele deve sair”, conta Erasmo, que vai celebrar meio século de música em 2010. “Se algum banco, um chocolate ou uma televisão se interessar em fazer a festa, está valendo”, brinca, referindo-se aos patrocinadores de Roberto.
Fazia tempo que você não gravava um disco tão roqueiro...
Eu estava me devendo e os fãs me cobravam muito um disco de guitarra. Fiquei meio escravo dos teclados. Então, resolvi voltar às raízes guitarreiras.
A mulher é um tema muito recorrente neste CD. Em “Olhar de mangá” (“Foi assim com Lilith/ Primeira com os olhos de pidona/ Luana e Rita Lee/Dalila, Malu Mader e Fiona”), você cita o nome de várias delas...
O que move minha vida é família, música, mulher e o Vasco. Nessa ordem. Falo dessas mulheres todas e ficou um monte de fora. Tinha uma lista de mais de 100 nomes. Nessa música eu faço uma brincadeira com o olhar do mangá japonês, por causa dos olhos grandes que eles desenham. Algumas mulheres chiaram porque coloquei “olhar de pidona”. Mas eu fiz pidona pra rimar com Madonna, sabe (risos)?
Você é sempre chamado de machão conquistador, até de machista. A fama é verdadeira?
Bicho, é o negócio de criação. Fui criado na rua. Minha geração é machista. É a geração que tem ídolos como Marlon Brando, James Dean, John Wayne e os filmes de caubói. O homem da minha geração não faz plástica. É um comportamento de macho que não é visível na geração de hoje. Fomos criados nesse universo. O homem que a mulher gostava, na minha época, era moreno, alto, grandão, cabeludo. Agora é loiro, sarado e depilado. Não tenho nada contra, só estou dizendo que as épocas mudam.
Você também aborda um tema atual na música “Celebridade”, cantando as mulheres perfeitas das revistas com a ajuda do Photoshop. Você vê essas revistas. O que acha delas?
Eu não gosto da mulher que sai na revista. A que eu gosto, que me dá tesão, é a mulher comum, do dia-a-dia, da rua. A mulher da revista é falsa. Tem um monte de artifícios: ginástica, alimentação, creme, Photoshop... E eu não gosto de mulher sarada. Prefiro a mulher mais tenra. Não ligo muito para celulite, essas coisas.
Não dá para falar de mulheres e não lembrar do assédio da jovem guarda...
Era uma loucura! Uma ou duas fãs era legal. Agora, juntou umas dez mulheres, fica perigoso. Elas não têm limites. Hoje é até mais sexual: mulher passa a mão, ataca mesmo. Antigamente, elas eram mais contidas. Então, quando te viam, jogavam tudo pra fora: arranhavam, rasgavam a roupa. Até hoje, para sair de show, tenho que me resguardar. Mas é sempre um carinho – o que eu chamo de carinho bruto. Elas se tornam agressivas de tanto carinho!
Já ficou com uma fã?
Já! A estrada traz muitos romances, bicho. É fácil. As cidades estão sempre mudando e temos sempre outras mulheres.
E hoje? Continua namorador?
Ah, claro. Sempre fui tímido. Eu espero ser correspondido para atacar. Quando eu ataco, é na certeza!
Já recebeu um não de uma mulher?
Já! Cinquenta mil (risos)! Já passei por tudo o que os homens passam: já brochei, já sofri por amor...
É homem de muitos amores?
Não. Amor mesmo, só minha mulher, a Narinha. Ela me deu meus filhos (Gil Eduardo, Alexandre e Leonardo) e foi quando eu quis ficar só com ela. Mas muitas outras mulheres me ensinaram coisas maravilhosas. Pretendo amar ainda. De forma definitiva ou não.
A morte dela te afetou muito?
Foi terrível. Precisei segurar a barra dos filhos. Eles precisaram segurar a minha. Foi um período de descontrole da gente, mas um se escorou no outro, um foi muleta do outro. Fomos nos aguentando e conseguimos sobreviver. A gente não esquece, mas eu sinto que foi uma coisa assimilada. Levei uns dez anos para superar.
Seu casamento era liberal ou mais tradicional?
Não gosto de casamento liberal! Prefiro à moda antiga. Hoje tem o swing. No meu tempo era suruba. Já fiz muita suruba em outras épocas, quando era solteiro. Depois de casado, nunca mais fiz. Passei a querer qualidade e uma coisa mais reservada.
E a lenda de que você tinha um quarto de motel em casa?
Fiz quando me casei. A gente tinha filhos. Nada como ter um quarto de motel para que a gente pudesse ter nosso tempo, não é? Não tinha luz negra, essas coisas de mau gosto. Tinha uma TV, um frigobar, um espelho no teto. Até, um dia, o espelho caiu! Furou o colchão quatro dedos. Sorte que não tinha ninguém na cama.
Como é sua relação com as drogas?
Na jovem guarda não tinha droga nenhuma. Nem bebida. Era todo mundo caretíssimo. Nos anos 70 é que vieram as drogas. Já tinha acabado a jovem guarda e tive minhas experiências, como quase toda a minha geração. Era a moda. Era a Louis Vuitton da minha geração. Veio com a contracultura, a filosofia hippie, que se desdobrou para o “sexo, drogas e rock’n’roll”. Hoje, para mim, não tem mais essa. Eu sou “sexo, som e amor”.
Defende a legalização da maconha?
Sou a favor da descriminalização. A liberação tem que ser devagar. A alta cúpula que rege o mundo já deveria pensar seriamente em drogas, aborto, eutanásia. Deixar como está não ajuda em nada. Só está gerando mais problemas, principalmente nas camadas de baixa renda. Não conheço nenhum cara de minha geração que tivesse feito algum ato nocivo sob efeito de maconha. De todos os que conheci, inclusive eu, todas as vezes que fumaram um baseado foi para tocar, para fazer amor...
Você experimentou Viagra também?
Já usei. Logo que apareceu, naquela coisa de moda... Para mim, quando tomei, não alterou nada. Mas no dia seguinte bateu e fiquei excitado o dia todo! Foi uma experiência e não tomei mais. Não preciso. Se precisar um dia, vou usar.
Fonte: Revista Quem
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